Christina Ramalho
Estou encolhida embaixo da cama , enquanto lá fora a tempestade
despeja sua
ira molhada
sobre a face
da terra que ,
sôfrega e revolvida, abre-se em veios e
esparge as águas-lágrimas na superfície
de seu corpo
violado.
Acendo a lanterna e ilumino a promessa
do texto . Ali ,
embaixo da cama ,
palavras far-se-ão tempestades ,
fundarão veios , violarão a plenitude imaculada
do papel .
Sincrônicas e ritmadas, curvas insinuantes
de letras que
se amarram atravessam fogosas a costada branca da folha .
A crônica irrompe definitiva
e coloca o medo embaixo
da cama .
Nenhum comentário:
Postar um comentário