sábado, 13 de dezembro de 2014

O herói das mil faces



          Eu considerei a beleza do caminho das pedras, pois nele também há libertação. Andar por sobre os afiados pedregulhos, ferir os pés na lâmina dos seixos, cansar as pernas e fraquejar diante dos obstáculos fazem parte do trajeto. No entanto, foi aí que percebi que o verdadeiro herói jamais dispensa os perigos, as aventuras, as perdas, os mistérios, o sangrar, mas sobretudo ele insiste em não desistir para renascer: cada passo depois da partida é um passo a mais em direção ao Paraíso, Shangri-la místico, Pasárgada eternamente encantada.
     Eu considerei que a beleza da batalha está na persistência, no usar constantemente as garras, a garra, a força de vontade, a fé. Está no enxugar as lágrimas, atravessar o limiar entre o que era, o que está sendo e o que virá. Está em descobrir dentro de si artifícios e artimanhas dantes nunca manifestados. Está, principalmente, em ultrapassar barreiras, agregar valores, conquistar prêmios, fincar raízes no que era inatingível e impossível, mas sem perder a humildade e o amor: alma de herói é, para toda sede, uma nascente de água doce.
      Considerei, por fim, que as provações só levam à redenção aqueles que se atrevem. O herói, além dos louros do reconhecimento, volta para casa com o elixir, com a experiência a ser compartilhada e com a felicidade maior, por saber que, enfim, foi além do Everest e tudo está a salvo, mas diferente do início da jornada. Em suma, entre o mundo real e o especial de cada história de heroísmo, encontra-se um ser de luz mais que brilhante tal qual sol ou diamante, e com um sublime coração, doando-se completamente a cada etapa de sua missão.
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário