sábado, 17 de agosto de 2013

CRÔNICA-RELÂMPAGO



Christina Ramalho

Estou encolhida embaixo da cama, enquanto fora a tempestade despeja sua ira molhada sobre a face da terra que, sôfrega e revolvida, abre-se em veios e esparge as águas-lágrimas na superfície de seu corpo violado.
Acendo a lanterna e ilumino a promessa do texto. Ali, embaixo da cama, palavras far-se-ão tempestades, fundarão veios, violarão a plenitude imaculada do papel.
Súbito, um raio atravessa fogoso a costada negra da noite e divide o infinito em antes e depois da explosão.
Sincrônicas e ritmadas, curvas insinuantes de letras que se amarram atravessam fogosas a costada branca da folha. A crônica irrompe definitiva e coloca o medo embaixo da cama.

         Comigo.

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