Flávio
Passos
Sempre
nas férias de fim de ano costumava viajar com meu pai. Eram viagens
maravilhosas, conhecia vários lugares e pessoas, sem contar que estava ao lado
do meu herói, caso raro, por conta de sua profissão.
Lembro-me
bem de uma viagem quando eu tinha apenas quatro anos, em que meu pai conseguiu
uma carga para a Cidade Maravilhosa, e
o caminhão seria descarregado em frente à praia de Copacabana. Achei o máximo,
pois, além de estar no Rio de Janeiro, ia poder tomar banho nas águas de uma
das praias mais famosas do mundo.
Quando
chegamos, a primeira coisa que fiz foi vestir minha sunga (sempre a levava em
caso de viagens desse tipo) e entrar naquelas águas salgadas. Fiquei no mar por
alguns minutos, até que algo chamou minha atenção: uma mulher, que não recordo
seu rosto, apenas seu sorriso com dentes tão brancos quanto a luz da luz,
estava sentada na areia brincando com seu filho. Como ela me viu sozinho os
olhando, me chamou para juntar-me a eles: não pensei duas vezes, corri e começamos
a brincar na areia.
Aquela
mulher estava me tratando tão bem que comecei a lembrar da minha mãe, da sua
voz, do seu cheiro e da sua mão delicada acariciando meus cabelos. Não me
contive e saí correndo para o caminhão do meu pai, chorando com saudades da
minha mãezinha. Ele, tendo visto toda a cena, me pegou no colo e disse que logo
estaríamos de volta para casa e que ele cuidaria de mim até lá; me abraçou
forte, me levou de volta à praia e passou o final da tarde brincando comigo,
suprindo a minha necessidade materna.
Dois
dias depois, chegamos em casa, e a primeira coisa que fiz foi dar um abraço
apertado na minha heroína; e eu pedi que nunca mais me deixasse passar tanto
tempo longe de seus braços. Ela sorriu para mim e disse que não me preocupasse,
pois estará sempre comigo. E eu sei que estará.
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