sexta-feira, 10 de maio de 2013

SAUDADES DA MAMÃE




Flávio Passos

Sempre nas férias de fim de ano costumava viajar com meu pai. Eram viagens maravilhosas, conhecia vários lugares e pessoas, sem contar que estava ao lado do meu herói, caso raro, por conta de sua profissão.
Lembro-me bem de uma viagem quando eu tinha apenas quatro anos, em que meu pai conseguiu uma carga para a Cidade Maravilhosa, e o caminhão seria descarregado em frente à praia de Copacabana. Achei o máximo, pois, além de estar no Rio de Janeiro, ia poder tomar banho nas águas de uma das praias mais famosas do mundo.
Quando chegamos, a primeira coisa que fiz foi vestir minha sunga (sempre a levava em caso de viagens desse tipo) e entrar naquelas águas salgadas. Fiquei no mar por alguns minutos, até que algo chamou minha atenção: uma mulher, que não recordo seu rosto, apenas seu sorriso com dentes tão brancos quanto a luz da luz, estava sentada na areia brincando com seu filho. Como ela me viu sozinho os olhando, me chamou para juntar-me a eles: não pensei duas vezes, corri e começamos a brincar na areia.
Aquela mulher estava me tratando tão bem que comecei a lembrar da minha mãe, da sua voz, do seu cheiro e da sua mão delicada acariciando meus cabelos. Não me contive e saí correndo para o caminhão do meu pai, chorando com saudades da minha mãezinha. Ele, tendo visto toda a cena, me pegou no colo e disse que logo estaríamos de volta para casa e que ele cuidaria de mim até lá; me abraçou forte, me levou de volta à praia e passou o final da tarde brincando comigo, suprindo a minha necessidade materna.
Dois dias depois, chegamos em casa, e a primeira coisa que fiz foi dar um abraço apertado na minha heroína; e eu pedi que nunca mais me deixasse passar tanto tempo longe de seus braços. Ela sorriu para mim e disse que não me preocupasse, pois estará sempre comigo. E eu sei que estará.

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