sexta-feira, 8 de novembro de 2013

DIAS MODERNOS



Flávio Passos
“BRIMMMMM”, 6 horas e o despertador toca. Banho, café, ônibus. Trabalho puxado: três aulas de gramática e duas de literatura. Voz ativa, Machado de Assis, não, isso não é aposto.  Alunos não prestam atenção, o jeito é apelar com frases sobre o timão. 12 horas, retorno para casa, almoço, soneca, depois um saboroso café. Meu tempo é curto e ainda preciso revisar os meus resumos. Resenha, fichamento, artigo, onde será que coloquei meus livros? 18 horas: Faculdade: quebra a cabeça; mas tem diversão, na hora do bandejão. Não sei mais quem é o crítico aqui Afrânio, Bosi, ou talvez Amossy, não sei, agora já me perdi. Quem sabe o ethos seja mostrado no ato de dizer, mas é influenciado por quem vai ouvir. E quem ousa ouvir minhas vozes, veladas, veludosas, vozes? Talvez Cruz e Souza com sua aliteração? Não sei, mas acho que minha cabeça que pensava não consegue pensar mais em nada. E assim volto para casa, cansado por mais um dia tumultuado e turbulento. E, influenciado por Drummond, sob as ondas ritmadas e sob as nuvens e os ventos e sob as pontes e sob o sarcasmo e sob a gosma e o vento, eu resmungo e choro e esperneio e grito por causa deste tempo que insiste em brigar comigo.

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