Flávio Passos
“BRIMMMMM”,
6 horas e o despertador toca. Banho, café, ônibus. Trabalho puxado: três aulas de
gramática e duas de literatura. Voz ativa, Machado de Assis, não, isso não é
aposto. Alunos não prestam atenção, o
jeito é apelar com frases sobre o timão. 12 horas, retorno para casa, almoço,
soneca, depois um saboroso café. Meu tempo é curto e ainda preciso revisar os
meus resumos. Resenha, fichamento, artigo, onde será que coloquei meus livros? 18
horas: Faculdade: quebra a cabeça; mas tem diversão, na hora do bandejão. Não
sei mais quem é o crítico aqui Afrânio, Bosi, ou talvez Amossy, não sei, agora
já me perdi. Quem sabe o ethos seja mostrado no ato de dizer, mas é influenciado
por quem vai ouvir. E quem ousa ouvir minhas vozes, veladas, veludosas, vozes?
Talvez Cruz e Souza com sua aliteração? Não sei, mas acho que minha cabeça que
pensava não consegue pensar mais em nada. E assim volto para casa, cansado por
mais um dia tumultuado e turbulento. E, influenciado por Drummond, sob as ondas
ritmadas e sob as nuvens e os ventos e sob as pontes e sob o sarcasmo e sob a
gosma e o vento, eu resmungo e choro e esperneio e grito por causa deste tempo
que insiste em brigar comigo.
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