Flávio Passos
Eu
voltava para casa, depois de sair da academia, numa quinta-feira, véspera de
sexta-feira da paixão. Nesse dia, malhei os membros inferiores e, como sempre,
após o treino, senti minhas pernas duras e trêmulas. Acontece que, no caminho,
bati um pé no outro e acabei caindo no chão ainda aguado pela chuva da noite
anterior. Na minha frente passava uma senhora segurando a mão de uma criancinha
de no máximo dois anos. Os passos da mulher eram tão largos que a pobre criança
mal conseguia acompanhar aquela que devia ser sua vó.
Sentei-me
na quina da calçada suja para me recompor e fiquei a observar as duas criaturas
que continuavam andar para o horizonte. Imaginei como o caminhar é simples. Basta
apenas colocar uma perna na frente e em seguida a outra, e esse movimento nos faz
chegar a lugares infinitos. Basta apenas saber caminhar. No entanto, algumas
vezes, somos forçados a caminhar até lugares que não são escolhidos por nós. Basta
lembrar Jesus Cristo, que foi obrigado a carregar uma cruz enorme em suas
costas por entre ruas esburacadas até o caminho de sua morte.
Pensando
bem, caminhar não é tão fácil assim, em se tratando de alguém que nunca fez ou
esqueceu como se fazem esses movimentos. Há quem prefira viver assim, deixando
que os outros guiem seus caminhos, andando com a ajuda de um guia, sem nunca se
importar em escolher para onde ir.
Eu
prefiro escolher meu caminho sozinho, mesmo tropeçando e me arrebentando no
chão duro. Prefiro errar o caminho e acertar da próxima vez, sem precisar da
ajuda de GPS... Prefiro, ainda, estar diante de vários caminhos tendo que
escolher apenas um do que ser guiado para o caminho “certo”.
Levantei
de cabeça erguida e mesmo com certo orgulho de ter tropeçado, segui direto para
casa, com passos seguros.
É verdade, Flávio. Muitas vezes é necessário comtemplarmos nossos passos pela estrada da vida e percebermos que só com nossa força o caminho se construirá mais firme e mais leve. Beijos.
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