Flávio Passos
Lembro-me
como se fosse ontem: seus pulos e latidos de alegria ao me ver chegando a casa,
pelo branco e macio, olhos negros e brilhantes, dentes fortes e cândidos como
leite. É você, Cristal. Minha pequena que me protege até daqueles que me querem
bem, minha anja protetora, minha amiga leal, minha companheira eterna.
Cristal
era assim: doce, vaidosa, meiga, brava e sensível. Adorava um colinho e
balanços na rede. Os pelos cobrindo os olhos eram seu charme, odiava quando era
tosada e não se importava de passar horas e horas sendo penteada após o banho, pois
tudo isso a fazia sentir-se feliz e realizada por estar perto do seu dono que a
amava tanto quanto ela.
Ela
cresceu assim: sendo paparicada por todos, mas era seu dono a única pessoa a
quem ela obedecia. Essa lealdade fez com que surgisse uma ligação muito forte
entre eles, talvez eles se conhecessem de vidas passadas, ou, quem sabe,
Cristal achasse que fosse um humano, ou, simplesmente, fosse apenas o poder da
lealdade entre um cachorro e seu dono.
A
lealdade que, creio eu, só exista entre essas duas espécies distintas, já que o
ser humano é dotado de certos defeitos que, na maioria das vezes, impedem a
lealdade a outro ser humano. Creio ainda que a lealdade seja a incapacidade de
pensar mal ou agir de forma desonesta, e o cão é um ser ingênuo que pensa e age
como se tudo fosse uma grande brincadeira de “pegar a bolinha”.
Talvez
sejam a lealdade e a ingenuidade que faltem aos seres humanos para que se tornem
uma raça com menos rancor, cólera, ódio e passem a ser uma raça dotada de
alegrias, fidelidade, amor, felicidade, compreensão. Talvez, dessa forma, o
mundo mude, as pessoas deem mais valor aos seus iguais, se respeitem, e, acima
de tudo, se amem, espelhando-se no amor que sentem os animais.
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