João
Paulo
No Brasil fevereiro rima com Carnaval. É uma grande festa, todo mundo
sai da sua cidade à procura de diversão. As mais tradicionais são Recife, com o
frevo, Salvador, com os trios elétricos e São Paulo e Rio de Janeiro, com as
imponentes escolas de samba. Sem dúvida, é o momento de divertir-se, de
extravasar catarticamente as impurezas da psique. Eu, no entanto, com o sou um
chato escritor (chato porque escritor e escritor porque chato) preferi ficar em
casa e aproveitar melhor essa semana de folga, tenho alguns livros para arrumar
na estante, alguma leitura atrasada e algumas crônicas para terminar e enviar
para o jornal.
Ou seja, tinha muita coisa para fazer e não podia perder tempo numa
festa anárquica e banal. Pensando o Carnaval como fonte de inspiração, tentei
escrever algo. Logo fui levado pela condição de masculinidade e pelo excesso de
testosterona a vislumbrar as lindas passistas das escolas de samba semivestidas,
ou, melhor, seminuas, sambando sensualmente... Nossa, é muito excitante o
Carnaval! Mas, enquanto para alguns dá alegria, para outros o que sobra é a
tristeza. O Carnaval não é uma festa democrática: é preciso ter dinheiro.
E se esquecem dos excluídos, dos desempregados, dos marginalizados, dos
sem-teto. Dizem: “É Carnaval, poxa!”, como se resolvessem por um momento os
problemas crônicos do Brasil.
Agora vejo que isto não é uma crônica, e não era essa a intenção mesmo:
é apenas mais uma indignação de um escritor chateado...
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